42 anos atrás, o homem pisava na Lua!
O Clube de Astronomia Louis Cruls fará observação da Lua (na sua sede: Observatório do IFF, em Campos RJ) hoje a partir das 19h30min, também haverá a Campanha de Observação de Saturno da NASA.
Hoje quando olhar para o céu a noite e ver a Lua brilhando, lembre-se de que há 42 anos o homem fazia a suas primeiras pegadas lá.
Hoje, às 23h56min completam-se 42 anos da maior façanha da engenharia humana: enviar um homem a Lua e traze-lo de volta. Veja vídeos da alunisagem aqui, aqui e um vídeo especial do jornal USA Today sobre a façanha. Abaixo a reportagem da revista Veja três dias depois do pouso.
Oito
vezes Armstrong repetiu a lenta e dramática dança.
De costas para a paisagem da noite lunar, com as mãos seguras
na escada de sua águia metálica, procurava com os
pés cada degrau da histórica descida. Então
veio o último lance: às 23h56 de 20 de julho de 1969,
Armstrong estendeu seu pé esquerdo, apalpou cuidadosamente
o chão fino e poroso, pressionou-o depois com mais força
e só então deixou-se ficar de pé na Lua. O
grande e grotesco vulto branco, que horas antes decidiu antecipar
o primeiro passeio de um homem na Lua - deveria ser às 3h16
da manhã de 21 de julho - , emocionou-se: o astronauta Armstrong
era, a partir daquele instante, Neil Armstrong, primeiro homem a
pisar na Lua.
Sua
mão ainda se apoiou alguns instantes no Módulo já
vazio de atmosfera. Depois, libertou-se totalmente e deu os primeiros
passos. Na Terra, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas,
reunidas diante dos vídeos, segundo os cálculos da
Nasa, ficavam fascinadas pelo duplo milagre da descida e de suas
imagens. Na Lua, um homem grande e forte experimentava, naquele
instante, a sensação de pesar como uma criança:
15 quilos apenas. A Terra conquistava a Lua.
Noite
de Terra - Armstrong, Aldrin e Collins dormiam quando, aos primeiros
minutos da madrugada de sábado, a Apollo 11 atingiu o ponto
de equilíbrio entre a atração da Terra e a
da Lua. Aos 22 minutos, 397.172 km além da Terra e 80.653
km aquém da Lua, a nave rompeu este equilíbrio e sua
velocidade subiu de 3.600 km/h para 10.270, à medida que
caía no poço de atração da Lua. O sono
dos astronautas durou até as primeiras horas da manhã:
a viagem ia bem e não havia nada de especial a fazer. Desde
que partiram, na quarta-feira, o trabalho foi tão rotineiro,
que Aldrin, num dos seus raros momentos de humor, chegou a compará-lo
aos "afazeres domésticos de uma dona de casa".
Naquele dia, a mais taciturna equipe espacial de todos os tempos,
anunciou secamente: "Ambas as astronaves estão bem".
Apesar disso, Collins havia gasto mais combustível do que
o previsto na manobra de engate do Módulo Lunar (Águia),
retirado da carcaça do terceiro estágio do Saturno
5 pela nave (Columbia) - 9 quilos exatamente -, e o Controle de
Vôo, em Houston, teve que mandar uma mensagem tranqüilizando-o.
Uma primeira tentativa de transmissão por TV fracassou neste
dia, porque a Apollo 11 estava ainda muito baixa no horizonte. No
dia seguinte, porém, eles mandaram um imprevisto programa
a cores de dezesseis minutos e depois Aldrin mostrou aos terráqueos
como se usava o saco plástico contendo comida. Também
pela TV mostraram a inspeção feita na Águia,
quando Neil Armstrong se referiu à falta de gravidade: "Parece
estão arrancando as minhas calças". Um defeito
no gás de nitrogênio, que abria a válvula de
combustível do foguete destinado a impulsionar a Águia
do lunar, foi consertado. À medida que aproximavam da Lua,
na manhã de sábado, os olhos dos três astronautas
se abriam para uma paisagem que, primeira vez, os comovia: "O
céu está cheio de estrelas. Parece uma noite na Terra",
disse Armstrong.
Envolvendo
a Lua - Às 14h22 do sábado, a Apollo 11 aproximou-se
da Lua. Dez minutos antes de mergulharem em suas sombras, a Terra
dera a ordem para que ligassem o foguete que colocaria a nave em
três longas órbitas cada vez menos ovalizadas, mas
durante 34 angustiantes minutos a Terra não recebeu nenhum
sinal de vida a bordo. Quando a nave saiu do lado obscuro da Lua,
onde as comunicações são impossíveis,
a Terra começou a ver o que os astronautas viviam. Flutuando
entre 314 km e 113 km da superfície lunar, Armstrong transmitiu:
"As fotos tiradas precisamente deram uma boa idéia do
lugar. Mas nada substitui o fato de estarmos aqui. É a mesma
diferença entre ver um jogo de futebol pela TV e vê-lo
no estádio". Os astronautas estavam saindo de um dos
momentos cruciais da viagem. Se percebessem alguma irregularidade,
o foguete não seria ligado e a Apollo 11 regressaria. Agora,
porém, a voz de Armstrong está clara e firme: "Estamos
vendo um efeito tridimensional muito acentuado. A coroa solar aparece
em todo o seu apogeu por trás da Lua". Eles relataram
ter visto luzes misteriosas numa região em que os cientistas
acreditam existir vulcões ativos. A princípio, a única
cor distinguida foi um cinza compacto e sempre igual. Depois descobriram
tons queimados. Às 18h37, a Apollo 11 dava novo mergulho
na face oculta da Lua ao mesmo tempo que a órbita baixava
para 99 km e 120 km. Os astronautas foram dormir mais cedo, depois
do jantar, porque precisavam acordar às 6h02 do domingo.
Às
10h20, depois do café matinal e de uma nova inspeção
nos instrumentos, Aldrin entrou no túnel que liga a Columbia
à Águia. Armstrong entrou logo depois. Os veículos
estavam a 3.360km por hora, com o motor sempre voltado para a Lua:
é uma técnica para impedir o aumento da velocidade.
Às 14h47, Collins apertou um botão do painel de comando
da Columbia e a Águia desprendeu-se lentamente da nave-mãe:
estava rompido o último cordão de ligação
com a Terra. A Águia começou então sua lenta
e delicada curva elíptica em direção à
superfície lunar. Acima dela, a bordo da Columbia, Collins
começava uma série de solitárias voltas em
torno do satélite. Numa voz pausada e firme - a voz de um
agente da bolsa dando as cotações -, os dois primeiros
homens a pisarem na Lua davam informações sobre a
descida. Diante deles, uma imensa nuvem de poeira provocada pelos
motores da Águia impedia a visão.
Os
homens falam da Lua - "Luzes de altitude apagadas, o chão
está à nossa frente", falou então Armstrong.
"Parece magnífico, Águia, parece magnífico,
pode alunar", foi a resposta de Houston. "Compreendido,
autorizada a alunagem, 1.000 metros, 800 metros... bem, parece que
agüenta." "Temos bons dados, parecem magníficos
aos oito minutos, Águia, parecem magníficos, adiante!"
"164 metros... 121 ... baixando muito bem... 60 metros... 30,
tudo continua parecendo bem. Inclinando-se um pouco à direita.
Está bem. Motores apagados." "Aqui, a Base da Tranqüilidade.
Águia alunou." Às 5 e 18 da tarde, a voz de Neil
Armstrong - seu coração batia 150 vezes por minuto
- atravessava o vácuo e chegava à Terra anunciando
o fim do dramático diálogo dos 22 segundos da descida.
"É fantástico", disse Collins, voando a
92 quilômetros de altura.
Os
minutos seguintes foram de profundo silêncio. Os astronautas
examinavam cuidadosamente seu veículo para um eventual regresso
de emergência. Minutos depois - a nave pousou sem qualquer
avaria e quase na horizontal - justificavam o desprezível
atraso de 35 segundos em relação ao tempo previsto
para a alunagem, com uma fantástica descrição:
"Avistamos crateras escarpadas e enorme número de rochas.
E pousamos um pouco adiante".
No
interior da águia metálica, Armstrong e Aldrin olhavam
para a paisagem agreste: uma superfície quase lisa, com milhares
de minúsculas crateras e limitada por desfiladeiros e colinas.
A apenas 2,4 km de distância, o horizonte lunar mostrava um
Sol que se punha e, no solo estranho, a cor oscilava entre o branco
e o cinza.
Em
Houston, Texas, um jornalista hindu interrompeu seu trabalho, ajoelhou-se
no chão e beijou a velha Terra. Antecipava-se ao pedido feito
momentos depois por Edwin Aldrin, piloto do Módulo Lunar:
"Quero aproveitar esta oportunidade para pedir, a todos e a
cada um dos que me escutam, que se detenham durante um momento para
meditar sobre os acontecimentos das últimas horas e dêem
graças à sua maneira".
Fonte: Revista Veja (23 julho 1969)
42 anos atrás, o homem pisava na Lua!
Reviewed by OTÁVIO JARDIM ÂNGELO
on
16:23
Rating:
Nenhum comentário